Como grandes empreendedores tiveram suas ideias milionárias
SÃO PAULO – O icônico Reed Hastings, CEO e fundador da Netflix, afirmou certa vez em uma entrevista para a revista americana Wired que “a maioria das ideias empreendedoras parecem loucas, estúpidas e antieconômicas, e, mesmo assim, elas funcionam”. Mas, afinal, de onde grandes empreendedores tiram esse tipo de ideia?
1 – Solucionando problemas banais de seu dia a dia
Fazer “dos limões uma limonada” é uma das estratégias mais antigas e bem-sucedidas para se construir um grande negócio. Ainda assim, muitos empreendedores em potencial encontram dificuldades em executá-la porque se concentram em resolver problemas grandiosos e esquecem daqueles, aparentemente, mais banais.
Exemplos de empreendedores brasileiros bem-sucedidos revelam que, muitas vezes, o problema a ser resolvido que representa uma boa oportunidade de negócio é muito mais simples do que se pode imaginar.
Quando os irmãos Felipe e Thadeu Diz adotaram um cachorro foram até um pet shop à procura de coleiras e acessórios modernos. Mas voltaram para casa com uma baita decepção. “A gente se deparou com uma oferta que não era satisfatória. Nada no mercado pet tinha estilo. Eram apenas coleiras de cores diferentes, sem nada mais”, contou Felipe no podcast Do Zero ao Topo.
Foi aí que os dois tiveram uma ideia: importar o conceito do fast-fashion — que no varejo da moda foi responsável pela ascensão de marcas como Zara e Renner — para o mundo pet.
Assim surgiu a Zee.Dog, em 2012, hoje a marca pet mais famosa do país e que fatura mais de R$ 100 milhões com coleiras e outros acessórios pets com diferentes designs e estampas.
A experiência do carioca Rony Meisler resolvendo problemas é parecida com a dos fundadores da Zee.Dog. “Um dia, eu entrei na academia e percebi que todos os homens usavam a mesma bermuda. Percebi que estávamos diante de um problema que eu chamei de problema “D”: ou de demanda reprimida ou demência coletiva”, contou Rony durante o podcast Do Zero ao Topo.
Apostando na “demanda reprimida”, Rony criou a grife de roupas Reserva, que atualmente fatura mais de R$ 400 milhões.
2 – Solucionando problemas do dia a dia da maioria das pessoas
Durante um MBA em Stanford, na Califórnia, os brasileiros Andre Penha e Gabriel Braga se juntaram porque queriam criar algo que fizesse a diferença na vida das pessoas.
“A gente chegou a conclusão que queríamos resolver um problema grande, que fosse uma dor profunda, que afetasse muita gente. E queríamos criar um produto legal”, contou Penha no podcast. Com isso em mente, eles chegaram até o mercado de aluguéis residenciais.
Em um segundo passo, Penha e Braga formularam um questionário com perguntas sobre a experiência de alugar uma casa e dispararam para cerca de 400 pessoas (amigos e conhecidos). “Ninguém nos respondeu que ‘adorava alugar uma residência’, o processo era burocrático e chato para todo mundo”, explicou Penha.
Com essa pesquisa, eles entenderam que haviam encontrado um mercado do tamanho de suas ambições. Foi assim que criaram a startup QuintoAndar, em 2013, atualmente um dos raros unicórnios brasileiros (startup avaliada em mais de R$ 1 bilhão).
3 – Prestando atenção em grandes tendências
Finanças, seguros, montadoras de veículos e medicina diagnóstica são alguns dos segmentos passando por grandes transformações atualmente por conta do avanço da tecnologia. Foram justamente nestes segmentos que surgiram algumas das maiores companhias (a nível nacional e mundial) nos últimos anos.
Qual será o próximo setor a passar por uma grande mudança? Que oportunidades de negócio ele apresenta? Para obter essas respostas é preciso ficar atento a novas tendências.
Uma maneira de encontrar as maiores tendências é prestar atenção em relatórios produzidos por grandes consultorias (como McKinsey, PwC, Deloitte, Ernest Young, Accenture, entre outras). Outra maneira de “prever” as tendências que podem impactar o mercado brasileiro é prestar atenção em como estão se desenvolvendo os setores em outros países como Estados Unidos, Índia e, claro, a gigantesca China.
4 – Aprimorando ideias já existentes
Inúmeras empresas atualmente bilionárias surgiram aprimorando ideias de companhias já existentes. O Facebook, por exemplo, foi criado quase uma década depois de redes sociais como Myspace, SixDegrees e Friendster.
Seu grande sucesso não veio de uma ideia original e sim de um aprimoramento das interações dos usuários neste tipo de plataforma.
Outras empresas que originalmente nasceram com modelos mais tradicionais de negócios, foram bem-sucedidas ao aprimorar esses modelos a tal ponto que criaram um modelo inovador.
A Netflix, por exemplo, nasceu como uma locadora de DVDs e a Amazon foi criada originalmente como um site de livros. Ambas atingiram grande sucesso ao pegar suas ideias iniciais — tradicionais no mercado — e aprimorá-las.
5 – Transformando algo complicado e raro em um produto mais acessível
O espanhol Sergio Furio ficou espantado na primeira vez em que ouviu que, no Brasil, os juros de empréstimos para pessoa física poderiam chegar a estrondosos 200%. Como estava procurando uma ideia de negócios, a primeira reação que Furio teve foi pensar: “aí deve ter espaço para empreender”.
“Eu me tornei o maior fã site do Banco Central [brasileiro]”, contou Furio no podcast Do Zero ao Topo. Depois de estudar a fundo os problemas no setor financeiro do país, ele decidiu que iria “arrumar os juros no Brasil”, como mesmo relata.
A vida real, como costuma ser, se mostrou bem mais difícil do que as planilhas de Furio. Mas sete anos e R$ 1,2 bilhão em aportes depois, a Creditas é hoje uma das maiores fintechs do país.
A companhia oferece crédito com garantia em imóveis e automóveis. Dessa maneira, consegue disponibilizar empréstimos a juros bem mais baixos que a média dos bancos tradicionais e, com isso, tornar um “produto” caro e complicado em algo mais simples e acessível.